terça-feira, janeiro 06, 2009

DESABAFO DE UM BOM MARIDO

Autor: Luiz Fernando Veríssimo

Minha esposa e eu sempre andamos de mãos dadas. Se eu soltar, ela vai às compras.

Ela tem um liquidificador elétrico, uma torradeira elétrica, e uma máquina de fazer pão elétrica.

Então ela disse: “Nós temos muitos aparelhos, mas não temos lugar pra sentar”. Daí, comprei pra ela uma cadeira elétrica.

Eu me casei com a “Sra. Certa”. Só não sabia que o primeiro nome dela era “Sempre”.

Já faz 18 meses que não falo com minha esposa. É que não gosto de interrompê-la.

Mas tenho que admitir, a nossa última briga foi culpa minha. Ela perguntou: 'O que tem na TV?' E eu disse 'Poeira'.

No começo Deus criou o mundo e descansou. Então, Ele criou o homem e descansou. Depois, criou a mulher. Desde então, nem Deus, nem o homem, nem o Mundo tiveram mais descanso.

Quando o nosso cortador de grama quebrou, minha mulher ficava sempre me dando a entender que eu deveria consertá-lo. Mas eu sempre acabava tendo outra coisa para cuidar antes, o caminhão, o carro, a pesca, sempre alguma coisa mais importante para mim.

Finalmente ela pensou num jeito esperto de me convencer. Certo dia, ao chegar em casa, encontrei-a sentada na grama alta, ocupada em podá-la com uma tesourinha de costura. Eu olhei em silêncio por um tempo, me emocionei bastante e depois entrei em casa.

Em alguns minutos eu voltei com uma escova de dentes e lhe entreguei.

"'- Quando você terminar de cortar a grama," eu disse, "você pode também varrer a calçada."

Depois disso não me lembro de mais nada.

Os médicos dizem que eu voltarei a andar, mas mancarei pelo resto da vida'.

"O casamento é uma relação entre duas pessoas na qual uma está sempre certa e a outra é o marido...”

Mais uma colaboração da minha amiga Elaine Santos, que adora uma vadiagem malemolente.

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