A cidade de Porto Velho vem sendo uma das mais fervorosas devotas de uma cultura depreciante que invadiu todas as partes do Brasil e até ultrapassou fronteiras devido ao seu ritmo aloprado aliado a letras apológicas ao sexo banalizado, o forró.
Diariamente nos deparamos com anúncios e matérias na mídia local dando conta de um ou outro evento que vai ser realizado em uma das muitas casas de forró que estão espalhadas pela Capital. São cenas de horror para quem tem um gosto musical requintado ou pelo menos preza pela decência do ser humano – coisa que deve ser passada em frente para os filhos que formarão a futura sociedade brasileira. É uma situação de intenso vexame, estimulada por pessoas que não dão a mínima para a questão cultural e que só querem saber de lucros e ganhos pessoais. Invadem nossas casas através da televisão, rádio e até internet. Empurram goela abaixo bandas cretinas como Calypso, Calcinha Preta e similares... comida podre, como se fosse lavagem dada aos porcos.
O pior é que a mente desta população está tão deturpada pelo ritmo caótico do forró que não se dá conta de que eles (os ditos fãs) estão sendo, mais uma vez, manipulados pela massificante mídia do showbizz degradante, que volta a ser o centro das discussões entre especialistas que ainda tentam minimizar os estragos feitos na sociedade através de letras que vão desde “A Virgem”, passando pela “Rapariga” e chegando à “Lapada na Rachada”.
Em Porto Velho as concentrações deste público fantoche é cada vez maior, especialmente nas conhecidas casas Papo D’Skina, Urubu com Chicória, Forasteiro e Companhia do Forró. São templos da perdição que elevam o espírito derrotado de gente mal amada, infeliz, desempregados e que não conseguem sair de uma vida miserável que é formada pela segregação, falta de perspectivas e azar em qualquer relacionamento com pessoas de um gosto mais elevado.
Mas, como não se pode ir contra o gosto individual e coletivo, o que há de fazer é apenas alertar esses jovens e adultos de que eles estão com várias cordinhas nos braços e pernas e que são manipulados por uma grande mão chamada Mercado da Imundície, ou forró comercial, se preferir.
No mais, só posso destacar o empenho de empresários como Emerson Castro, que recentemente recuperou o seu espírito de amante da boa música e trouxe excelentes cantores e intérpretes para a Capital. Ele ainda é um dos responsáveis pelo início de um mês inteiro de música eletrônica que vai acontecer, todos os sábados, na casa Corsário. São DJ’s expoentes da dançante música psicodélica, com performances aplaudidas em todos os palcos. Outra que merece um destaque é a dona Márcia Mourão, do Zé Beer. Ela tem mostrado competência e pura sensibilidade em oferecer ao público produções simpáticas, dançantes e até shows de renome, como foi o caso de Lobão, neste final de semana. Por fora corre o jovem Gérson, do pub Informal, no Centro da cidade. Apesar de seu estabelecimento ser pequeno para um povo que paga caro para ter um bom ambiente ao redor, ele minimiza essa falha com uma simpatia latente em seu atendimento.
Por fim, para não deixar de o ser, quero deixar aqui meus sinceros votos de repúdio ao lixo chamado forró e uma lágrima de pena aos milhares de rondonienses que ainda “acham” que gostam desse ritmo, mas não acordam para a verdadeira situação de promiscuidade gratuita que o envolve. Diversão passageira é para os tolos e fracos. Eu quero é a felicidade constante, com uma boa música ao fundo.
segunda-feira, outubro 09, 2006
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2 comentários:
Caro jornalista, concordo contigo em número, gênero e grau. Enfim alguém levanta a voz contra a podridão que é despejada diariamente na nossa porta. Precisamos banir esse lixo.
Sou Paulista e curto Rock e musica eletronica (trip-hop, psy, industrial). Mas acho que o dá personalidade a musica de Porto Velho é musica que o povão faz. Seria ridiculo ver bandas de Porto velho imitando drumm bass ou MPB mainstream. Soaria ridiculo, como soa ridiculo uma banda de rock da Tailandia. A elite intelectual achava Carmem Miranda um lixo, o proprio forro tradicional não tinha grande conceito quando apareceu no Sul. As elites regionais sempre torceram o nariz no momento do surgimento de algo popular, aconteceu isso com o Rock e o Jazz quando surgiram. Falar de traição e melancolia o blues tambem falava e dai,, qual problema? Talvez o ideial seria apoiar esta produção local pra que evolua e aporte o furação culturas diferentes de Porto velho para criar algo novo e NÃO simplesmente endossar e adotar um qualidade importada de outros grandes centros do Brasil e do mundo. Desculpe os erros (estou com pressa) Agradeço o espaço.
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