A jornada de Rondineli Gonzalez tinha enfim iniciado como repórter na imprensa de Rondônia. Apesar de fazer boas matérias que tratavam do que realmente interessava ao povão, sentia que as pessoas ainda me viam apenas como Gonzalez, o chargista. Viver à sombra de um passado recente nunca me incomodou, até porque os elogios ao chargista minimizavam a desconfiança com o recém criado foca. Mas recebi o apoio dos colegas da época, principalmente dos considerados jovens, como Paulo Ricardo, Tóia e Rose. Paulo foi o primeiro a me ensinar como se iniciava um texto sem o maldito nariz de cera, ou seja, o lide ideal, sem enrolação, sem ser evasivo. O cara era um dos melhores neste estilo e me deu a dica. Lidar com gente estranha nunca foi minha fraqueza, pois se era para ser extrovertido, sério ou diplomata, eu acho que já sabia fazer.
Houve um tempo em que a Redação trouxe de volta uma colega que tinha esquecido no primeiro capítulo desta história real, a Janaína, uma senhorita bastante enigmática, mas bonita. Ela voltou e por algum tempo atuou como revisora.
Mas se é para falar de gente que eu esqueci, não posso falhar ao não mencionar Carlos Terceiro, que morava em Brasília naquele tempo mas escrevia uma coluna no O Estadão. Neste ínterim, Leivinha Oliveira já havia assumido a editoria de Política e o editor colocou dois bons caras para ajudá-lo: Paulo Ayres e Zacarias Lima, este último tinha acabado de chegar do Acre, onde ele diz ter comandado grandes redações. Nesta época rolaram alguns dos momentos mais legais da Redação, que eram criados nos bem humorados bate-bocas entre Paulo Ayres e Terceiro e Paulo Ayres e Zacarias. Cara, a Redação ia ao delírio e o cara mais esculachador da época, o Tóia, não perdia tempo em comparar Ayres e Zacarias ao Pernalonga e ao Patolino. "Eu o desafio!", imitava Tóia, promovendo um festival de gargalhadas entre os funcionários.
Um outro momento inesquecível da Redação era quando a turma dos "namolados" se reunía, todas as sextas-feiras, em bares. A integração liderada por Cupê levava Zezinho, Telinha, Israel, Gonzalez, Tóia, José Hilde, Leivinha e Paulo Ricardo para encher a cara, principalmente no saudoso Mega Chopp, um barzinho bacana da Jatuarana gerenciado pelo amigo Ériton, tio do Israel e carinhosamente apelidado de Vingador. Hilde era o único que não bebia, mas amanhecia curtindo com a gente e sua Coca-Cola.
Depois que a época de "reunião" acabara, começou a era do famoso "Cirrose Drink's", que nada mais era do que uma pequena e fedida lanchonete que ficava em frente ao prédio do jornal e tinha como dona a Baiana. Em dias de sexta-feira, em pleno horário de expediente, a galera ia para lá e começava a tomar umas. A gente reversava, uns ficavam bebendo enquanto outros esperavam, na Redação, o momento de "iniciar os trabalhos". Quando o expediente encerrava, a galera se reunia toda na Baiana e duas grades era a média consumida. Depois disso, a noite seria uma criança para aquela moçada. O jardineiro da época, conhecido como Cúli, sempre acompanhou a gente nestas bebedeiras. Esse tipo de evento voltou a se repetir, mas com menos freqüência. Conforme os anos iam passando e alguns amigos, por ter assumidos maiores responsabilidades dentro da Redação, iam se afastando da turma.
Dentro do jornal, a coisa também não era assim tão medonha, pois a galera tinha um lema que era "a gente ganha pouco mas se diverte". Esse lema existe até hoje em minha vida.
Quando alguém estava aniversariando, a eterna mestre de cerimonial Antônia cuidava das coisas. Nesta época ela já dividia essa tarefa com a até então chatíssima e insuportável Lucilene e com a colega Emília Araújo, que depois de ter saído do Diário da Amazônia, completou o trio das que adoravam uma celebração regada a muito refrigerante e salgadinhos. Alguns não gostavam dela, mas depois de um longo tempo, a gente já tinha se acostumado. Em alguns momentos a gente enfezava tanto esta mulher que ela chorava de raiva. O mesmo aconteceu com Luiza Archanjo e seu Caderno 2, que no começo, só era entregue para o Telinha diagramar à altas horas da noite de sexta-feira.
A Redação do jornal O Estadão foi palco de grandes nascimentos e renascimentos. Pessoas que começaram lá de baixo logo eram gente de confiança dos patrões e chefes imediatos. Leivinha começou como office-boy e até hoje é editor de Política. Paulo Ricardo começou sofrendo nas mãos de Lúcio Albuquerque e, segundo o que ele conta, sofreu até mesmo com chacotas de gente que trabalhou lá bem antes de mim, como Ivonete Gomes e Viviane. Hoje Paulo divide responsabilidades como assessor direto dos chefões. Tóia era arquivista e depois de alguns anos se tornara editor de Esportes e de Polícia. Israel Vieira veio da Formatação e se tornou, em alguns meses, colunista da página de Opinião e anos depois liderava sozinho o malfadado Caderno do Servidor, uma espécie de jornal separado do O Estadão, que só era publicado às segundas-feiras e que, mesmo sendo destinando a um público grande (os servidores públicos e sindicatos), sempre sobrava nas bancas de revista. Ninguém lia aquilo. Nem sei se esse suplemento ainda existe mas, se existe, aí eu digo que é a mesma coisa que insistir com o Salgado na zaga do Real Madrid.
Mas o que pouca gente que trabalha hoje no O Estadão deve lembrar é que ali já houve um tempo bom, muito bom. Salários em dia, o vale-transporte era entregue de mão em mão pela querida Socorro (Departamento Financeiro) e todas as sextas-feiras tinha um lanche bacana para a galera que ficava trabalhando após o expediente normal. Pão com presunto e queijo, sanduíches variados, sucos, refrigerantes caros e até pizza o pessoal servia para os funcionários. Mas isso começou a acabar aos poucos e logo a galera tinha que se contentar com os famosos lanches "bllééérrggg!" e com os "refrigerarggghhhh's". O ápice dessa súbita decaída se deu numa noite, acho que em 2001, quando a galera comandada por Ribamar (um outro dinossauro imortal do O Estadão) serviu para gente um pão que vinha repleto de cebola. Aquilo não era pão com cebola, era cebola com pão. Acho que tinha duas cebolas picadas dentro de cada pão.
Mas o final do ano estava próximo e a galera já se animava porque, além do 13º Salário, Mário Calixto dava a cada um de seus funcionários uma cesta de Natal, recheada com peru, vinho, frutas cristalizadas, marmelada, goiabada, sidra, panetone... ôh, tempo bom que logo cessou.
O almoço. Ah, o almoço dos caras que ficavam na Redação diariamente... Isso não tem como passar em branco. O povo se reunia todo na sala de arquivo de fotos e começava a saborear os marmitex. Mas por algum tempo o cardápio não era tão generoso e o que se via era apenas reclamação. O frango comandou por semanas o prato daquela gente e os mais bem humorados, como Tóia, Hilde e Paulo Ricardo, não perdiam a deixa: "Eu já nem ando mais, só estou ciscando", dizia Paulo. Outros diziam que já estavam criando penas de tanto comer frango. Quando não era frango era galinha. O pessoal pediu até para comprarem algum livro do tipo "Mil e uma maneiras de se comer frango".
Houve um tempo em que a Redação trouxe de volta uma colega que tinha esquecido no primeiro capítulo desta história real, a Janaína, uma senhorita bastante enigmática, mas bonita. Ela voltou e por algum tempo atuou como revisora.
Mas se é para falar de gente que eu esqueci, não posso falhar ao não mencionar Carlos Terceiro, que morava em Brasília naquele tempo mas escrevia uma coluna no O Estadão. Neste ínterim, Leivinha Oliveira já havia assumido a editoria de Política e o editor colocou dois bons caras para ajudá-lo: Paulo Ayres e Zacarias Lima, este último tinha acabado de chegar do Acre, onde ele diz ter comandado grandes redações. Nesta época rolaram alguns dos momentos mais legais da Redação, que eram criados nos bem humorados bate-bocas entre Paulo Ayres e Terceiro e Paulo Ayres e Zacarias. Cara, a Redação ia ao delírio e o cara mais esculachador da época, o Tóia, não perdia tempo em comparar Ayres e Zacarias ao Pernalonga e ao Patolino. "Eu o desafio!", imitava Tóia, promovendo um festival de gargalhadas entre os funcionários.
Um outro momento inesquecível da Redação era quando a turma dos "namolados" se reunía, todas as sextas-feiras, em bares. A integração liderada por Cupê levava Zezinho, Telinha, Israel, Gonzalez, Tóia, José Hilde, Leivinha e Paulo Ricardo para encher a cara, principalmente no saudoso Mega Chopp, um barzinho bacana da Jatuarana gerenciado pelo amigo Ériton, tio do Israel e carinhosamente apelidado de Vingador. Hilde era o único que não bebia, mas amanhecia curtindo com a gente e sua Coca-Cola.
Depois que a época de "reunião" acabara, começou a era do famoso "Cirrose Drink's", que nada mais era do que uma pequena e fedida lanchonete que ficava em frente ao prédio do jornal e tinha como dona a Baiana. Em dias de sexta-feira, em pleno horário de expediente, a galera ia para lá e começava a tomar umas. A gente reversava, uns ficavam bebendo enquanto outros esperavam, na Redação, o momento de "iniciar os trabalhos". Quando o expediente encerrava, a galera se reunia toda na Baiana e duas grades era a média consumida. Depois disso, a noite seria uma criança para aquela moçada. O jardineiro da época, conhecido como Cúli, sempre acompanhou a gente nestas bebedeiras. Esse tipo de evento voltou a se repetir, mas com menos freqüência. Conforme os anos iam passando e alguns amigos, por ter assumidos maiores responsabilidades dentro da Redação, iam se afastando da turma.
Dentro do jornal, a coisa também não era assim tão medonha, pois a galera tinha um lema que era "a gente ganha pouco mas se diverte". Esse lema existe até hoje em minha vida.
Quando alguém estava aniversariando, a eterna mestre de cerimonial Antônia cuidava das coisas. Nesta época ela já dividia essa tarefa com a até então chatíssima e insuportável Lucilene e com a colega Emília Araújo, que depois de ter saído do Diário da Amazônia, completou o trio das que adoravam uma celebração regada a muito refrigerante e salgadinhos. Alguns não gostavam dela, mas depois de um longo tempo, a gente já tinha se acostumado. Em alguns momentos a gente enfezava tanto esta mulher que ela chorava de raiva. O mesmo aconteceu com Luiza Archanjo e seu Caderno 2, que no começo, só era entregue para o Telinha diagramar à altas horas da noite de sexta-feira.
A Redação do jornal O Estadão foi palco de grandes nascimentos e renascimentos. Pessoas que começaram lá de baixo logo eram gente de confiança dos patrões e chefes imediatos. Leivinha começou como office-boy e até hoje é editor de Política. Paulo Ricardo começou sofrendo nas mãos de Lúcio Albuquerque e, segundo o que ele conta, sofreu até mesmo com chacotas de gente que trabalhou lá bem antes de mim, como Ivonete Gomes e Viviane. Hoje Paulo divide responsabilidades como assessor direto dos chefões. Tóia era arquivista e depois de alguns anos se tornara editor de Esportes e de Polícia. Israel Vieira veio da Formatação e se tornou, em alguns meses, colunista da página de Opinião e anos depois liderava sozinho o malfadado Caderno do Servidor, uma espécie de jornal separado do O Estadão, que só era publicado às segundas-feiras e que, mesmo sendo destinando a um público grande (os servidores públicos e sindicatos), sempre sobrava nas bancas de revista. Ninguém lia aquilo. Nem sei se esse suplemento ainda existe mas, se existe, aí eu digo que é a mesma coisa que insistir com o Salgado na zaga do Real Madrid.
Mas o que pouca gente que trabalha hoje no O Estadão deve lembrar é que ali já houve um tempo bom, muito bom. Salários em dia, o vale-transporte era entregue de mão em mão pela querida Socorro (Departamento Financeiro) e todas as sextas-feiras tinha um lanche bacana para a galera que ficava trabalhando após o expediente normal. Pão com presunto e queijo, sanduíches variados, sucos, refrigerantes caros e até pizza o pessoal servia para os funcionários. Mas isso começou a acabar aos poucos e logo a galera tinha que se contentar com os famosos lanches "bllééérrggg!" e com os "refrigerarggghhhh's". O ápice dessa súbita decaída se deu numa noite, acho que em 2001, quando a galera comandada por Ribamar (um outro dinossauro imortal do O Estadão) serviu para gente um pão que vinha repleto de cebola. Aquilo não era pão com cebola, era cebola com pão. Acho que tinha duas cebolas picadas dentro de cada pão.
Mas o final do ano estava próximo e a galera já se animava porque, além do 13º Salário, Mário Calixto dava a cada um de seus funcionários uma cesta de Natal, recheada com peru, vinho, frutas cristalizadas, marmelada, goiabada, sidra, panetone... ôh, tempo bom que logo cessou.
O almoço. Ah, o almoço dos caras que ficavam na Redação diariamente... Isso não tem como passar em branco. O povo se reunia todo na sala de arquivo de fotos e começava a saborear os marmitex. Mas por algum tempo o cardápio não era tão generoso e o que se via era apenas reclamação. O frango comandou por semanas o prato daquela gente e os mais bem humorados, como Tóia, Hilde e Paulo Ricardo, não perdiam a deixa: "Eu já nem ando mais, só estou ciscando", dizia Paulo. Outros diziam que já estavam criando penas de tanto comer frango. Quando não era frango era galinha. O pessoal pediu até para comprarem algum livro do tipo "Mil e uma maneiras de se comer frango".
Continua... quando eu estiver sem preguiça.
Um comentário:
Tinha que lembrar era do dia em que deixaram "a Zefa" sem o lanche da sexta ...
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